A Polícia Civil instaurou inquérito policial para apurar o fechamento de uma autoescola no Quietude, em Praia Grande. A Delegacia Sede da Cidade tem registrado de 40 a 60 Boletins de Ocorrência por dia de clientes lesados pelo estabelecimento, cujas portas estão fechadas desde segunda-feira (6). Revoltados com o sumiço do responsável, alunos chegaram a invadir e quebrar o local em busca de seus documentos.
Uma das prejudicadas é a vigilante Bruna Falanque Denfatti, de 22 anos, que pagou R$ 1.100 à vista pelas habilitações de carro e moto. Ela esteve na manhã de segunda-feira na autoescola, mas não pôde fazer a quinta aula prática porque o sistema estaria fora do ar, de acordo com os instrutores. Depois de ir embora, soube do fechamento e da invasão à autoescola, chamada Ana Cris.
"Vamos ter que pagar a transferência para outra autoescola. Está todo mundo chateado. Infelizmente, não queremos ficar no prejuízo. Nós trabalhamos para juntar dinheiro e tirar a habilitação para não necessitar de ônibus, e acontece uma coisa dessas", desabafa Bruna, que encontrou outras dezenas de alunos na delegacia quando registrou Boletim de Ocorrência.
Foram tantas vítimas prestando queixa que o aprendiz Diego Sodré dos Santos Ferreira, de 18 anos, foi orientado a ir embora e voltar à delegacia nesta quinta-feira (9) para fazer o BO. Ele começou o processo para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em fevereiro, pagou R$ 910 e só havia feito dez aulas de carro. "Na segunda-feira, quando eu ia fazer a 11ª aula, falaram que estava sem sistema e que era para voltar só na sexta-feira", conta o jovem, que soube da depredação da autoescola, na parte da tarde, por outros alunos.
Autoescola Ana Cris, em Praia Grande, fechou as portas e deixou alunos sem nenhum respaldo
A encarregada de comunicação visual Roberta de Toledo Zerbato, de 25 anos, estava pronta para iniciar as aulas práticas e foi surpreendida com o fechamento repentino da autoescola. "Era para eu ter começado no dia 29 [de junho], mas toda vez o sistema estava com problema. Eu paguei, contando aulas teóricas e práticas e provas, R$ 1.400".
Ao saber que a unidade havia sido invadida, Roberta esteve no local, acompanhada do pai, para recuperar sua documentação. "Estava tudo jogado no chão. Tinha RG, CPF, comprovante de residência, o certificado do curso teórico", lembra.
Desde segunda-feira, os alunos ouvidos por A Tribuna On-line não conseguem contato com o responsável pela autoescola, Humberto Silva, marido da proprietária. "É uma coisa complicada, porque eu já paguei tudo e não consegui fazer minhas aulas. Eu saí no prejuízo", reclama Roberta.
Nem mesmo os funcionários têm obtido respostas do patrão. Um instrutor, que pediu para não ser identificado, disse que, apesar de tentar, não consegue falar com Humberto. "Os alunos estão todos fazendo Boletins de Ocorrência por conta do sumiço dele. Ele não fala mais comigo. Já passei do ponto de ter qualquer conversação com ele".
Inconformados, alunos invadiram sede da autoescola à procura de documentos. Dono sumiu
O delegado Fernando Faria, da Delegacia Sede de Praia Grande, afirma que irá investigar o fechamento da autoescola, mas que, por enquanto, não tem pistas do que pode ter acontecido e do paradeiro do proprietário. "Nós primeiro estamos recebendo as pessoas. O volume de registros tem sido intenso. E a partir daí vamos desenvolver o trabalho. O inquérito está instaurado e vamos ouvir todo mundo com calma para poder estabelecer o que de fato aconteceu".
Ameaças
Em contato com A Tribuna On-line nesta quarta-feira (8), o proprietário da autoescola, Humberto Silva, alega que a autoescola encerrou as atividades mais cedo na segunda-feira após sofrer ameaças de invasão. "Por segurança, fechamos as portas às 14 horas e às 15h52, quando não estávamos mais no local, o alarme da autoescola disparou. Cerca de 50 pessoas invadiram a unidade e quebraram tudo", afirma.
Entre os itens que teriam sido levados estão computadores, televisão, móveis, simulador de direção, além da própria documento dos alunos. “Eu não fugi, não fechei as portas. Estava funcionando normalmente há nove anos, no mesmo endereço. Sempre cumpri com as normas do Detran. Só interrompi as atividades em razão dessa depredação. Cabe as autoridades apurarem o que realmente aconteceu. Nós vamos reabrir a unidade em outro local, mas também fomos vítimas”, afirmou, sem especificar a data de quando isso irá acontecer.
Polícia abre inquérito para apurar fechamento de autoescola em Praia Grande - A Tribuna
Trânsito Escola – É importantíssimo perguntar aos alunos que já fazem aulas sobre o funcionamento do CFC. Antes mesmo de se matricular na autoescola, o candidato deve entrar em contato com o DETRAN afim de saber as condições do credenciamento da CFC.
O DETRAN tem responsabilidade sobre os prejuízos da autoescola aos alunos, uma vez que o DETRAN é o responsável pelo credenciamento. Seria muito fácil credenciar qualquer autoescola, mesmo sem condições, e deixar os candidatos na mão, posteriormente. A economia deve se basear na boa-fé, a dignidade da pessoa humana se baseia, também, no respeito a segurança econômica dos consumidores.
