Rio - Após ser fotografada em pé dentro de um ônibus lotado nessa quarta-feira, Lucélia Santos se revoltou com a repercussão da imagem nas redes sociais e recorreu ao Twitter para reclamar sobre as condições dos transportes públicos.
Lucélia Santos ficou revoltada com a repercussão da foto em que estava no ônibus
"O Brasil é o único país que conheço em que andar de ônibus é politicamente incorreto!!!!!!! Vai entender...", reclamou a atriz. "Isso porque os ônibus aqui e transportes coletivos, de um modo geral, são precários e ordinários, o que mostra total desrespeito à população! Em qualquer país civilizado, educado e organizado, é o contrário. As pessoas dão prioridade a transportes coletivos para proteger o meio ambiente. Os governos deveriam investir em transportes decentes para a população, com conforto e dignidade, e depois pretender fazer discursos de um mundo", escreveu ela.
A atriz seguiu desabafando em seu Twitter. "A imprensa deveria usar sua inteligência para divulgar campanhas para os transportes públicos coletivos de primeira grandeza. Terminando: o Brasil deveria ler mais, se instruir mais, desejar mais e sair da burrice de consumo idiota e descartável que lhe dá carros!", postou.
A foto da polêmica foi tirada por um fã dentro de um ônibus da linha 524, que faz o percurso Botafogo - Barra da Tijuca. A atriz, que está longe das telinhas e ficou conhecida com a personagem escrava Isaura, estava em pé e sem maquiagem no coletivo lotado. A imagem fez sucesso no Facebook nessa quarta-feira.
Lucélia Santos se revolta após ser fotografada em ônibus lotado - Celebridades - O Dia
Trânsito Escola – Lucélia Santos foi, e sempre será, uma renomada atriz, por um dos seus personagens histórico. Escrava Isaura foi Inspirada na obra homônima de Bernardo Guimarães, a novela se passa no Brasil do século XIX e retrata a escravidão e a luta pela libertação dos escravos.
O desabafo da atriz não é único, mas de muitos brasileiros que precisam enfrentar, diariamente, o amargor dos maus serviços públicos, no transporte público em geral.
São poucos artistas, até onde se sabe, que pegam conduções públicas, e sentem a realidade, na pele, da desumanidade que se comete aos trabalhadores, idosos, gestantes, e quem precisa se deslocar pelas vias públicas. o crescente número de veículos particulares nas vias brasileiras se destoa do resto do mundo, onde o incentivo dos respectivos Estados, e responsabilidade social de cada cidadão, não permite que os lobistas de empresas de ônibus ditem o modo de vida dos usuários.
O privilegiar dos transportes públicos, por trilhos, o incentivo ao pedalar, e toda uma infraestrutura condizente – ciclofaixas, ciclovias, bicicletários – somado ao desestímulo de comprar veículo particular beneficiam os usuários de vias terrestres, tanto na saúde quanto na responsabilidade de sustentabilidade às novas gerações. O Brasil ainda teima em incentivar, compulsivamente, o status social através da aquisição de automotor particular. O “superior” é o cidadão que possui carro, o “inferior” é o que pedala, pega condução pública (ônibus, trem), assim, o Brasil continua com mentalidades do início do século XIX cujos resultados se configuram em mentalidades de darwinismo social.
O selo Trânsito Escola contempla a atriz, pela sua postura de cidadania, de responsabilidade social, de sua empatia aos demais concidadãos.
As más línguas – Alfred Adler explicaria – irão dizer que a atriz não tem dinheiro, pois está afastada das telas. Não importa, pois é uma cidadão como qualquer outra (artigo 5°) merecendo a dignidade humana em sua vida (serviços públicos eficientes, seguros, contínuos).