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quarta-feira, 30 de março de 2016

Emissoras de TV proíbem matérias sobre ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, que matou 2 no trânsito

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Valdir Cruz, Notícias Paraná

As duas principais redes de televisão do País, a Globo e a Record, resolveram censurar uma reportagem especial sobre o mesmo assunto: o mais polêmico assassinato no trânsito do Paraná. Ou seja, aquele provocado pelo ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho, quando dirigia bêbado, com a carteira de habilitação suspensa e a mais de 190 quilômetros por hora pelas ruas de Curitiba. O resultado da soma de tanta irresponsabilidade foi a morte de dois jovens inocentes, que cometeram a imprudência de ficar na frente de um criminoso no voltante.

Em 2011, a Rede Globo mandou para Curitiba o repórter Caco Barcellos. E ele cumpriu a pauta entrevistando vários personagens envolvidos na tragédia e mostrando o local da batida e como foi que o ex-deputado, usando um Passat importado como arma, tirou a vida de duas pessoas. O material foi produzido para ser veiculado no programa “Profissão Repórter”, que teria como tema principal os chamados crimes de trânsito. Depois de tudo pronto, veio a censura. E o material parou numa gaveta, para indignação do repórter, que se justificou com a família Yared dizendo que “atualmente o Paraná é o estado mais corrupto do Brasil”. E a reportagem, apesar da relevância jornalística e social, continua engavetada até hoje, cinco anos depois. Qual a razão? Quanto a Globo recebeu para não veicular o conteúdo obtido pelo repórter e quem pagou?

Censura na Record também

O repórter da Ric/Record em Curitiba, Marc Souza, um dos melhores do Paraná na atualidade, produziu há quase um mês uma reportagem especial, com 15 minutos de duração, para o programa “Domingo Espetacular”. A equipe da RIC conseguiu, com exclusividade, ter acesso ao relatório dos radares na noite(07/05/2009) em que Carli Filho matou dois jovens ao passar por cima do carro deles com seu potente Passat, que chegou a decolar tamanha era a velocidade. Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo morreram na hora. A reportagem, de indiscutível valor jornalístico e de grande alcance social, estranhamente entrava no “espelho”(roteiro) do programa e logo era retirada. Por que motivo isso acontecia? Ninguém sabe. Assim, o trabalho exclusivo da equipe de Curitiba ficou rolando do espelho para a “gaveta” e da “gaveta” para o espelho durante várias semanas, até que ontem (06) finalmente foi exibido. Porém, as fontes ouvidas pelo reportagem relatam que o material levado ao ar foi muito diferente daquele que o repórter apurou. A parte em que os entrevistados falam de um provável “terceiro elemento” disputando um racha com Carli Filho foi suprimida. E a reportagem sequer foi postada no site do programa. O que houve?

Novamente as perguntas que não querem calar saltam na boca de cada paranaense indignado com o crime e com a proteção que o criminoso goza nos meios de comunicação: quem pagou, quanto pagou e quem recebeu? Só este motivo, espúrio e antiético, justifica a censura praticada em ambas as reportagens. Para os jornalistas e para o jornalismo não existe palavra mais forte, violenta e repugnante que “censura”. Contra ela e seus múltiplos e antidemocráticos sentidos, muitos foram torturados e mortos. Mas luta de anos, de décadas, contra esta arma, a mais terrível da ditadura militar (1964-1985), avançou até a vitória, que foi a expulsão dos censores das redações. Isso, no início da década de 1980. Mas volta e meia, ela reaparece numa e noutra redação, e, cruel como sempre, faz vítimas entre os bons jornalistas e priva a sociedade de uma informação relevante. O caso Carli Filho, por exemplo, está recheado de casos de censura. Qual o motivo? Quem é o censor: a rica família do ex-deputado ou o poderoso “terceiro elemento”, que se mantém anônimo (por enquanto) graças censura da intimidação, da corrupção e do tráfico de influência? A censura luta contra a verdade, como bem lembrou a jovem judia Anne Frank, em seu diário, antes de ser morta em um campo de concentração nazista: “Em cada censura há uma ponta de verdade”.

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