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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Qual o valor e importância real do instrutor de trânsito?

O instrutor de trânsito passou a ser reconhecido profissionalmente graças ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que sancionou lei regulamentando a profissão de instrutor de trânsito.

O instrutor de trânsito (ou de autoescola, como era reconhecido), quando não tinha reconhecimento profissional, de sua importância havia apenas o mero preparar para passar na prova do DETRAN – antes de 1997, no qual foi criado o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), só existiam aulas práticas de direção nas autoescolas, o instrutor teórico praticamente não existia tal como o conhecemos na atualidade.

O CTB deu luz quanto à aprendizagem, humanização e conscientização aos cidadãos brasileiros no respeito à vida humana nas vias terrestres. Não bastava apenas ensinar o futuro condutor noções de dirigibilidade, e muito pouco já que se visava apenas à aprovação na prova prática de direção, contudo, sim, a formação necessária ao complexo ambiente trânsito.

O instrutor teórico surge como transmissor, educador, conscientizador e filósofo de um novo comportamento diante da estrutura social, complexa, que é o trânsito terrestre. Não basta mais o simples guiar do veículo, mas perceber-se como indivíduo inserido numa coletividade humana e, cada qual, responsável pela qualidade de vida equânime.

Diante de décadas comportamentais perigosas de condutores, pedestres e ciclistas, o instrutor de trânsito teórico abraçou a responsabilidade de mudar os maus hábitos adquiridos perigosos à vida humana. O candidato à habilitação de trânsito terrestre se depara, quando dentro de uma sala de aula, com informações não meramente informativas, mas, sim, informações que façam os candidatos refletirem sobre seus comportamentos.

O instrutor de trânsito, na qualidade de instrutor teórico, além de ensinar sobre sinalização e regras de trânsito, fornece a cada aluno a valorização da vida. Não basta somente saber sobre as leis, as consequências de desrespeitá-la, as informações contidas nos sinais de trânsito. E dado aos alunos ou candidatos à habilitação a visão profunda dos comportamentos psicológicos no trânsito viário terrestre.

O ser humano age pelo seu pensar, e através de seu pensar é que se produzirão consequências. E pela aguçada sensibilidade psíquica do instrutor, aprendida nas salas de aulas de curso de capacitação de instrutor de trânsito, e as contínuas leituras de tratados psicológicos ao comportamento humano, o profissional-educar, teórico, ensina, aprimora qualidades, desperta, nos alunos, o autoconhecimento diante dos próprios comportamentos automáticos.

Eis a importância do instrutor teórico. Contudo, este profissional ainda não tem o seu devido reconhecimento como educador, seja intelectual ou emocional, que trará novas condutar, benéficas, comportamentais ao segmento social trânsito. Apesar de parecer mera questão simplista, quanto ao educar para o convívio harmonioso no trânsito, o cidadão, na esfera desta parcela social, também desenvolverá comportamentos sociáveis em demais esferas da sociedade como o todo. Sim, pois o comportamento é a base do pensar do ser seja onde ele estiver.

O condutor, que ora pode ser ciclista ou pedestre, tem seu comportamento não apenas delimitado no trânsito terrestre, mas em todos os locais onde esteja. Assim, da aprendizagem elucidativa, nas salas de aulas, o discernir por si mesmo, através da auscultação interior, o comportamento nocivo, que deve ser desenraizado das entranhas de seu ser, para dar lugar a gênese do comportamento equilibrado, precavido, respeitoso na totalidade da própria existência.

Do ensino ao discernimento interior, um “novo” ser humano existe sob a máxima do pensar antes de agir, auscultar-se como ser vivo, que é frágil e deve se valorizar em sua condição de ser vivo. Mas não apenas individualizado na sua totalidade, pois não pode agir livremente, quando inserido em um grupo humano, todavia o reconhecimento de sua individualidade sem antes infringir dor aos demais indivíduos.

Apensar de elucidativo o texto acima, a realidade da vida do instrutor de trânsito é cruel – assim como de outros educadores no Brasil. O instrutor de trânsito tem grande responsabilidade em mãos: primeiro, o educar, mudar comportamentos nocivos; segundo, o de não cometer infrações de trânsito que possam levar a cassação da credencial; terceiro, a possível responsabilidade no acidente de trânsito de algum ex-aluno.

Mas diante de tantas exigências, resta ao instrutor de trânsito a realidade enfadonha do piso salarial desproporcional as exigências quanto a sua profissão. Nenhum outro profissional é responsável pelos erros de seus alunos, quando estes já formados.

Eis uma tabela que demonstra o piso salarial dos instrutores

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Fonte: ATENÇÃO PARA OS NOVOS VALORES 2012/2013

Pelo que se vê dos salários dos instrutores (não pensem que a remuneração baixa é só no RJ), dos demais empregados e até dos atendentes – não quer dizer que estes não possuem as devidas responsabilidades respectivas aos tipos de tarefas – na tabela acima, é de considerar que os instrutores de trânsito, diante das responsabilidades e das exigências, quanto à formação profissional e preparação de novos condutores (mas condutor também é pedestre) que possuem, não é cabível o piso salarial. Não podemos esquecer que há descontos sobre o salário, um deles é a previdência social, por exemplo. O que sobrará de dinheiro no bolso despois dos descontados na CTPS? E será que o salário final dará ao instrutor, por exemplo, teórico – tirando os compromissos de pagar luz, água, aluguel e/ou condomínio – de se reciclar profissionalmente? Bons livros de direito na área de trânsito terrestres são mais de R$ 50,00. E será que as jornadas de trabalho versus tempo disponível compensarão, darão condições de leituras das constantes resoluções e portarias do Contran?

O que os legisladores, as autoridades esperam realmente dos instrutores de trânsito se não há respaldo a sua importância profissional educadora? Respaldo de salário digno em que dá condições de viver dignamente.

Qual o valor e importância real do instrutor de trânsito?

Não estranhe o tamanho (letras) da frase acima. É a realidade: nada.

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