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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Thor Batista participa de primeira aula para recuperar habilitação

Rio -  “Quantos pontos perde na carteira quem anda sem a placa dianteira do veículo?”, pergunta o instrutor de uma autoescola em Ipanema, zona Sul do Rio, durante a aula de Legislação, uma das disciplinas teóricas obrigatórias para quem pretende tirar a carteira de motorista ou faz o curso de reciclagem do Detran, na noite de quinta-feira (24). Sentado na primeira fileira, Thor Batista, 20 anos, responde: “Sete pontos”. A pronta resposta de Thor vem 18 dias depois da polícia apreender uma Ferrari conduzida por ele sem a placa dianteira, na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio.

Indicando que a resposta estava correta, o professor aponta para o filho mais velho do bilionário Eike Batista, homem mais rico do Brasil, que está sentado entre os cerca de 15 alunos da classe para cumprir 30 horas de aulas teóricas. No caso de Thor faz parte das medidas necessárias para recuperar a habilitação de quem teve a carteira de motorista suspensa. O curso foi acompanhado pelo IG.

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No dia 6 de maio, a Ferrari de Thor foi retido em blitz sem a placa dianteira | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

A suspensão da carteira do rapaz aconteceu no dia 17 de maio, após a Justiça aceitar a denúncia pelo crime de homicídio culposo em razão da morte de um ciclista que foi atropelado por Thor, em março, na rodovia BR-040, na altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A juíza da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, Daniela Barbosa Assumpção de Souza, considerou também que Thor, em pouco mais de dois anos, teve anotadas em seu prontuário 11 infrações de trânsito, sendo nove por exceder a velocidade máxima permitida para a via em que transitava. A suspensão deverá vigorar pelo prazo de um ano.

“Ele sai que nem uma bala”

Quatro dias após entregar a habilitação ao Detran, Thor procurou a auto-escola para dar início às aulas. O rapaz evita contato com os colegas e sempre sai apressado do local. “Eu tentei falar com ele para perguntar como ficou a vida dele depois disso tudo que aconteceu, mas ele sai que nem uma bala. Não dá nem tempo”, disse um rapaz que é colega de turma de Thor e preferiu não se identificar. Apesar da discrição, a maior parte dos alunos já se deu conta da presença do filho de Eike no estabelecimento.

No dia da matrícula, o comentário sobre a presença do rapaz dominou as conversas dos alunos, especialmente entre o público feminino. Thor tem frequentado aulas nos turnos da manhã e da tarde, inclusive retornando a autoescola no mesmo dia para cumprir a carga horária o mais rápido possível.

Durante a aula de Direção Defensiva, Thor, blusa de manga longa cinza com decote em ‘v’, bermuda estampada, tênis e um escapulário prata no pescoço, eventualmente mexia em seu iPhone. Enquanto isso, o instrutor repetia incansavelmente os aspectos que podem favorecer um acidente de trânsito.

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Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

“Supercarro”

“Você sempre tem uma probabilidade real de bater de carro, não importa o quanto você dirija. Quando estou dirigindo tenho ‘x’ chances de bater mais a velocidade excessiva se estiver acima dos limites, por exemplo”, pontuava o professor, alertando para os riscos de conduzir um veículo em alta velocidade. “Tem gente que pensa que é diferente porque tem um supercarro. Não é verdade. Não importa qual o seu carro. Você não está seguro”, completou ele.

Com os braços e as pernas cruzadas, Thor subitamente parece retomar sua atenção na aula quando o instrutor inicia um novo tópico. “Página 104. Corrente aerodinâmica”, diz o professor, indicando o próximo assunto na apostila. Monossilábico, Thor chega a responder duas perguntas do instrutor. Foi o máximo de interação do rapaz que durante os 50 minutos de aula não fez anotações.

De acordo com o site do Detran, para recuperar o direito de dirigir, o motorista precisa cumprir o prazo de suspensão, fazer o curso de reciclagem de 30 horas/aula e se submeter a uma prova teórica de 30 questões, tendo de acertar pelo menos 21. Só depois de cumprir estas três etapas é que o documento será devolvido.

No fim da aula, o instrutor deu exemplos e falou aos alunos sobre opções mais econômicas para se comprar um carro. Diante das alternativas que envolviam possibilidades de cartas de crédito com parcelas de R$ 600, Thor manteve a mesma postura do restante do tempo em classe. Permaneceu impassível.

As informações são da repórter Priscila Bessa, do iG


Trânsito Escola:

Que o jovem possa aprender, mas não apenas decorar leis; é preciso se conscientizar que a vida dele e dos demais usuários de vias terrestres são importantes.

Quando instrutor de trânsito (eu dono deste blog) apresentava vídeos contendo acidentes de trânsito, mas reais (gravados pelo Corpo de Bombeiro).

Cenas chocantes que comoviam e alertavam os futuros condutores. O importante, a meu ver, não é apenas ensinar que tal postura contrária o CTB e disto gera infração de trânsito, que há aerodinâmica etc. São importantes, mas sem conscientização quanto ao valor da vida, de nada resolverá.

Ex-alunos meu diziam “professor foi na aula de cidadania que me fez tomar consciência sobre meu comportamento”. Eram brincadeiras lúdicas que eu fazia. Uma delas pedia que os alunos saíssem da sala de aula. Como a autoescola tinha um corredor, aproveitava e desligava as luzes do corredor e da sala de aula – os alunos ficavam perto da secretaria.

Depois pedia que entrassem no corredor escuro, fechando a porta que dava acesso ao corredor e a secretaria – antes tinha mexido nas disposições das cadeiras e mesas dentro da sala de aula. “Podem entrar”, pedia aos alunos.

Alguns batiam nas carteiras e mesas, outros pisavam nos pés. Enfim, um caos. Depois que todos estivessem dentro da sala, e cada um reclamando onde estavam os objetos pessoais, eu acendia as luzes.

- O que os senhores aprenderam com isto?- perguntava aos alunos.

E os alunos respondiam:

- Não entendi nada. Para que isto tudo? Um caos tremendo.

- Desarrumou tudo. Ficou difícil sentar já que achava que a minha cadeira estava no lugar.

- Que horror. Foi um empurro atrás do outro.

- É difícil enxergar no escuro.

Fiz breve pausa; depois, falei aos alunos:

- Então, estamos tão acostumados a certos hábitos, que não nos damos conta que a vida em si apresenta mudanças, e muitas imprevistas. O condutor veterano se acha um super-homem, pois de tão acostumado com os locais que transita – e isso é hábito condicionado -, não toma mais as devidas precauções quando dirige. Passa a usar o celular, comer etc. enquanto dirige. O cérebro não tem a capacidade de processar duas informações ao mesmo tempo. Podem fazer um teste simples: pegue um livro e comece a ler; peça alguém que fale enquanto lê alguns parágrafos; depois, tente repetir, com coerência, o que a pessoa falou, mas tente falar para esta mesma pessoa o que leu. Condicionamento total, ou seja, a postura de que tudo é mesmice é um engano. Assim como ficaram surpresos dentro da sala de aula onde seus lugares foram modificados, as vias podem sofrer modificações, tais como mudança de direção, manifestações perto de uma curva. Por isso, é preciso sempre ter em mente que a devida atenção sempre é necessária. Quem assistiu às aulas de direção defensiva já sabe o porquê da importância do “CAPDH”, que representam “conhecimento”, “atenção”, “previsão”, “decisão” e “habilidade”. Por mais que o condutor tenha “habilidade”, sem “atenção” de nada valerá satisfatoriamente a habilidade que possui. E as vias apresentam imprevistos, seja um condutor que avança o semáforo na cor vermelha, o pedestre que atravessa afoito perto de ponto de ônibus. Um minuto de distração dentro de um veículo a 60 km/h (sessenta quilômetros por hora) é percorrer 17 m (dezessete metros) sem ver o que aconteceu neste intervalo de tempo. E que aos senhores, a lição da sala escura, venha a mostrar como as pessoas que têm deficiência visual encontram dificuldades para se deslocarem. Imagine um condutor, que venha em alta velocidade, não reduzindo a velocidade do veículo ao entrar numa curva e, “cantando” pneus, se defronta com pedestre deficiente visual no meio da rua? Colocaram-se na “pele” do deficiente visual? Mais do que nunca é necessário sempre fazer uma autoanálise:

1- Todos são iguais?

2- Meu comportamento é de risco?

3- Respeito a minha vida e das demais pessoas?

4- Sou um suicida inconsciente por dirigir de forma perigosa sob risco de morte?

5- O que eu faço para melhorar o trânsito? Minhas posturas como pedestre ou condutor influenciam as demais pessoas de forma positiva ou negativa?

6- Eu dirijo para me deslocar nas vias ou para expurgar minhas iras, frustrações, ou, ainda, para me exibir?

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