Fiscalização da Lei Seca é menos rigorosa em SP
Ao contrário de São Paulo, onde motoristas sob efeito de bebidas alcoólicas parecem não enfrentar maiores problemas com a fiscalização em bairros de intensa vida noturna, como Vila Madalena e Moema, no Rio a Operação Lei Seca não dá moleza.
Na madrugada de ontem, foi a vez do automóvel em que estava o cantor Michel Teló cair numa blitz na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Ele não estava no volante, mas a atriz Thais Fersoza, que se recusou a fazer o teste do bafômetro. Ela teve a habilitação apreendida, levou multa de R$ 957,70 e perdeu 7 pontos na carteira.
Enquanto em São Paulo, em média um em cada 474 motoristas faz o teste do bafômetro, no Rio o número é de 194. No primeiro ano da Lei Seca, São Paulo reduziu em 6,5% o número de acidentes. O Rio, em 32%. Isto significa dizer que um motorista embriagado, em São Paulo, tem 250% mais chances de sair impune na comparação com o Rio.
Aqui, a PM informa que 44.845 pessoas já passaram pelo bafômetro em 2012, sendo que 2.591 dirigiam sob influência de álcool e 612 foram presas (7%, os dois dados somados). Para efeito de comparação, menos de 3% dos fiscalizados guiavam sob influência de bebidas ou foram presos em 2011. (veja tabela). No Rio, com metade dos habitantes de São Paulo, 626 motoristas foram abordados só na madrugada de ontem, 114 foram multados, sendo que 43 tiveram as habilitações apreendidas.
Só 10%/ Para o presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), Mauro Augusto Ribeiro, o Brasil deveria fazer 18 milhões de abordagens por ano para fiscalizar se motoristas estão guiando sob influência de álcool. “Talvez seja feito 10% disso”, lamentou Ribeiro. “Praticamente não existe política para o álcool. A blitz é uma técnica de prevenção para forçar que se respeite a regulamentação”, disse.
De acordo com Ribeiro, política pública seria aumentar a tributação das bebidas, ou limitar os pontos de venda. “Quem é que sabe que existe lei proibindo vender álcool para quem já está embriagado?”
O presidente da Abramet disse que cerca de 50% dos casos de acidentes fatais de trânsito envolvem pessoas que consumiram bebidas. Já nos acidentes não fatais a prevalência de álcool é de cerca de 30%.
Em 2008, quando surgiu a Lei Seca, houve diminuição no número de acidentes. “A imprensa noticiou, mas isso durou seis meses. Faltou sustentar. Faltam homens para fiscalizar e estrutura. É preciso autuar, punir e de fato executar as penas.”
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