Trânsito Escola – Uma das reclamações dos instrutores de trânsito quanto aos alunos – candidatos à habilitação de trânsito terrestre – é a motivação. Muitos candidatos à habilitação chegam nas autoescolas (CFC) reclamando das aulas. “Tenho que assistir?”, a frase que soa sempre.
E por que os futuros candidatos já chegam nas autoescolas reclamando das aulas? Simples, a realidade brasileira do “jeitinho”, ou seja, faça tudo sem obedecer às leis. É uma mentalidade que persiste em nosso país. Essa mentalidade é cultural, infelizmente, sendo visível, principalmente, nas cúpulas da Administração Pública. Quando descobertas e evidenciadas ao povo, saltam aos olhos.
Antes do atual Código (CTB), a obtenção da habilitação era muito fácil. O candidato apenas perguntava, seja na autoescola, ou ao agente público, quanto custava a habilitação, sem precisar fazer todo o processo. Assim, o cidadão conseguia sua habilitação, sem nenhum conhecimento sobre sinalização, regras de trânsito. Aprendia no dia a dia. Uma batidinha aqui, outra lá.
Alguns já “sabiam” dirigir, com lições aprendidas com os próprios pais. Dessas lições, os condutores aprendiam tudo, até os vícios dos pais. E assim, de geração a geração, os mesmo erros ao dirigir: com um braço; distraído; avançando o semáforo na cor vermelha; estacionando nas calçadas etc.
E os atuais candidatos, infelizmente, trazem a concepção do “jeitinho” para logo conseguirem a habilitação de trânsito. E o “jeitinho” encontra alicerces em algumas autoescolas, despachantes, servidores dos DETRANs, e até instrutores de trânsito.
Já recebi vários e-mails de autoescolas e de instrutores de trânsito, os idôneos, reclamando da precária fiscalização dos DETRANs, para coibir tais práticas nas autoescolas inidôneas. Já recebi e-mails de autoescolas e instrutores de trânsito me perguntando como podiam denunciar irregularidades, de forma efetiva.
Recomendo telefonar para polícia, quando em flagrante delito. Quando souber, mas não for possível flagrar, denunciar ao Ministério Público (MP) – se tiver provas em mãos, melhor ainda, que podem ser anexadas à denúncia.
Acreditem, candidatos também reclamam quanto à falta de oportunidade de escolher uma autoescola pelo melhor preço. Há formações de cartéis em certas regiões, o que pode ser denunciadas ao MP.
Pois bem, e como os instrutores de trânsito podem, e devem, conscientizar os alunos quanto ao dever pátrio? Como incentivar os candidatos nas aulas? Consequências! As aulas de cidadania servem para alertar os candidatos sobre atos que infringem as leis de trânsito, e demais leis.
Como ainda está ressente, e o instrutor de trânsito tem a liberdade de expressão, as manifestações de junho de 2013 podem ser examinadas dentro das salas de aulas. Contudo, sem apelos emotivos de ordem partidária. O contexto sobre o tema deve ser o civismo diante do Estado Democrático de Direito, isto é, o respeito às instituições democráticas e o fortalecimento delas por ações de respeito às leis.
Ter um mínimo de conhecimento sobre a Constituição pode ajudar muito para gerar uma nova mentalidade no segmento trânsito terrestre - consequentemente, nos demais segmentos sociais. E o instrutor de trânsito é a pedra angular na segunda dimensão dos direitos humanos. O civismo pode ser invocado através do art. 3º, da CF/1988 , pois contém os objetivos da República.
Querer que o Brasil melhore, não depende, como se observa no texto da norma do artigo supracitado, exclusivamente dos agentes políticos , mas de todos os brasileiros, indiferentemente se agente político ou não. E o instrutor de trânsito pode dar exemplos sobre a corrupção no processo de habilitação.
A motivação - leis são interessantes para quem gosta, como os advogados, os alunos estão ali por uma obrigação imposta pelo Estado, pois a habilitação de trânsito é uma permissão concedida pelo Estado brasileiro -, para os alunos assistirem as aulas teóricas , deve abranger casos cotidianos. Notícias podem ser comentadas em salas de aulas, sempre objetivando o valor didático . Discussões podem surgir, mas o instrutor de trânsito deve sempre se embasar na aprendizagem [conscientização] dos futuros cidadãos motoristas.
