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sábado, 7 de novembro de 2015

Taís Araújo e Luana Piovani: cores de um país dividido

Tas Arajo e Luana Piovani cores de um pas dividido

Duas celebridades, duas mulheres lindas, aos olhos e sentimentos de cada um

Recentemente, a atriz Tais Araújo foi alvo de injúria racial ao ser chancelada de "negra escrota!" e demais frases desumanas. O crime virtual chamou a atenção por ter várias "curtidas", o que demonstra o quanto de darwinismo social existe ainda no Brasil.

A atriz Luana Piovane, por sua vez, vez comparação entre o ataque suportado por Tais e o que Piovane já passou:

“O preconceito que a Taís Araújo sofreu foi o que, exatamente? Alguém pode esclarecer? Sacanearam ela na internet? Foi isso? Porque eu sou blaster sacaneada e xingada na net e nunca saíram em defesa. Até porque nem ligo, né, gente… Será que foi isso?

O Brasil é uma país miscigenado, fato. Fica até difícil dizer quem é branco ou negro. Será que a pigmentação é a característica primordial na diferenciação entre branco e negro? Primeiramente, por muitos séculos usou-se o termo "raça" para distinguir grupos humanos, de forma ideológica.

Biologicamente, não existe tantas diferenças, já que a humanidade deriva de um local, a África. Estudiosos dizem que os hominídeos deram origem ao ser humano. Pela definição do Dicionário Aulete:

(ho. Mi.. De: o)

sm.

1. Zool. Espécime dos hominídeos, fam. De primatas que compreende o homem e seus ancestrais.

a.

2. Ref. A essa fam. De primatas.

A teoria da Charles Darwin [seleção natural] serviu aos darwinistas sociais para se justificar as qualidades "superiores" e "inferiores" das raças humanas. Os povos europeus viram a necessidade de acabar com os desajustados, os seres humanos problemáticos que causavam entraves à humanidade. Se a África era o berço da humanidade, para os darwinistas sociais ela passou a ser um grande obstáculo ao desenvolvimento harmonioso das raças "superiores", os próprios europeus. Detalhe, Thomas Malthus foi o grande inspirador de Darwin sobre "seleção natural".

Imperialismo, racismo, nacionalismo e o próprio militarismo surgiram com força total como formas de controle, e até genocídio, de raças consideradas "fracas", "problemáticas". O Apartheid na África é a expressão máxima da força ideológica às teorias sociais segregacionistas, visto perdurarem até o século XX.

Preconceito, fruto de concepções teóricas que vão desde superstições até o puro ódio banal. Na África, em pleno século XXI, os africanos albinos são caçados e mortos por serem considerados, pelos "verdadeiros" africanos [de cor negra], portadores de "poderes sobrenaturais". Detalhe, mortos e esquartejados para serem vendidos para práticas de magia.

Preconceito, algo que acontece a todos os seres humanos. Em cada país existem preconceitos formados por concepções teóricas — crendices e superstições — que, com o desenvolvimento humano, passou a ter bases "científicas". Ora, mudaram os meios para se "provar" os preconceitos, mas o íntimo humano ainda guardava o primarismo dos primeiros seres humanos, os quais viviam com medo, da natureza, de outros seres humanos, dos animais.

Medo, o grande motivador do ser humano para tentar sobreviver. A engrenagem [medo] que ainda motiva todo ser humano a buscar meios para sobreviver. Mesmo contemporaneamente, a meritocracia guarda relação com o medo ancestral do homem: a própria sobrevivência. Status social, também forjado pelo medo. Pelo instinto de sobrevivência, cada ser humano tenta mostrar que deve ser aceito pelo grupo. O medo de rejeição faz com que o indivíduo imite os demais. Não é à toa que o "escândalo" representa a ruptura com o "contrato social", ou seja, com as convenções consideradas "perfeitas" para o bem-estar do grupo humano.

Assim, a ruptura com o "contrato" gera preconceito, repúdios, perseguições e mortes. Romper com o "contrato" oferece perigo ao grupo, pois outros indivíduos podem querer o distrato. Como se pode manter o grupo coeso, pelo "contrato", senão através de medidas sociopolíticas persuasivas e punitivas. Sim, o medo sempre é a sombra do indivíduo, sempre está ao seu lado, até a sua morte física.

Deveria a atriz Tais não ter registrado o fato? Eis a pergunta. Diante dos acontecimentos no Brasil, como violências diversas consideradas "defensoras" da "paz" e dos "bons costumes familiares", a atriz, sim, fez o correto. Não se trata de aparecer aos holofotes, mas combater tal prática que vem vitimando centena de milhares de afrodescendentes.

Qualquer agressão — morfologia, etnia, sexualidade, religião — deve ser levada ao conhecimento da Justiça. No entanto, tais medidas somente irão calar, jamais mudar os âmagos. Para transformar esta nação em humanística é preciso educação aos direitos humanos. As diversidades são imensas em nosso país e, por isso, não podem ser negligenciadas pelos administradores públicos. A ideia de construção de presídio demonstra a insensatez de nossos governantes. Não é a construção de presídio que transformará a sociedade brasileira em humanista, mas a educação.

Infelizmente, a educação humanística é algo distante da realidade brasileira. O próprio Congresso Nacional impede as transformações necessárias ao convívio pacífico entre as diferenças sejam étnicas, sexuais, religiosas e políticas. A liberdade de expressão, de pensamento e de imprensa é engodo. Os próprios meios de comunicações tradicionais não aceitam a liberdade total.

Os jornalistas devem acatar o que editor quer e acha o certo. Ora, por mais centrado que seja uma pessoa a uma concepção teórica há momentos que possa o fazer divergir de suas concepções. Mesmo assim, não pode transparecer em seus artigos e colunas. O Brasil vive uma semiliberdade dentro das EMPRESAS JORNALÍSTICAS. Impõem aos profissionais o tipo de artigo que devem escrever, seguindo a ideologia da empresa — se de direita ou de esquerda, se ateia ou religiosa.

Graças à CF/88, às pressões internacionais protetivas aos direitos humanos e, principalmente, à internet, muitos jornalistas estão criando suas próprias plataformas de comunicação. Outro fator importantíssimo à liberdade de imprensa se deve ao marco zero do fim da ditadura: a não exigência de diploma Universitário para exercício de profissão de jornalista.

Sem as decisões do STF, acabar com a Lei de Imprensa e a exigência de diploma, com certeza, muitas vozes que clamam liberdade, de antiquados conceitos ideológicos, ainda estariam no amordaçadas. A liberdade contemporânea principia uma nova era para o Brasil. Todos vivenciam o tipo de cultura brasileira real, sem apelos emotivos e intencionais, ou até de mordaças, a iludir o povo.

Por mais grotescos que sejam os comentários, a internet deve continuar a ser livre, como é desde a sua criação. Através dela, os governantes podem saber como é o âmago ideológico da nação e, com diretrizes aos direitos humanos, a criarem políticas de desenvolvimento no âmbito dos direitos humanos. Punições, como dito alhures, só calarão, jamais mudarão os ímpetos.

Existem preconceitos genérico, e as duas atrizes sabem muito bem disto. Não importa se a pessoa é branca ou negra, todas sofrem preconceitos. A eugenia corporal é uma delas. A silhueta é uma das novas facetas da discriminação, da busca da "pureza" e "força" humana. Se Hitler estive presente riria por seu plano ter dado certo: raça ariana. Não importa se a pessoa é branca ou negra, importa se ela não tem deficiência mental ou física, se ela não é de raça considerada "inferior". A cor, então, seria um detalhe, bem menos "perigoso" se a pessoa é gay.

A Arquitetura da Discriminação tem várias facetas.

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