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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Por que se mata e morre muito no trânsito brasileiro?

Sabemos que o trânsito de vias terrestres é um dos mais que mata seja no Brasil, Rússia etc. Em certos períodos o trânsito mata mais do que armas de fogo e guerras bélicas, por incrível que pareça.

O que motiva uma pessoa a imprimir uma velocidade de 120 km/h em vias de 60 km/h? Dirigir em zigue-zague entre aglomerações de pedestres? Pedestres se jogando na frente de veículos em movimento? Eis algumas perguntas.

O ser humano sempre buscou desafios, é a natureza dele. Sem desafios não há progressos seja emocional e/ou intelectual; o ser humano se estagnaria em si e podendo levar a depressão – um estado psicoemocional em que a pessoa não vê mais gosto, não sente prazer pela vida. São necessários desafios por que motivam o ser humano a existir, isto é, sem desafios não há objetivos e, consequentemente, a vida fica desinteressante.

O automotor surgiu pela necessidade de encurtar distâncias e na época propícia graças à tecnologia que havia na época. Antes da invenção do veículo, o homem usava os animais para ajudá-lo a se deslocar com mais rapidez, encurtar distâncias, transportar mantimentos, mercadorias, grupos humanos. A necessidade faz com que os seres humanos procurem meios para se adaptarem e descobrirem meios que possam ajudá-lo a sobreviver e ter conforto. O automotor foi um sonho concretizado: praticidade e velocidade

Podemos explicar, talvez, o desejo de correr pelo princípio de liberdade motivada pelas ruas estreitas e, outras, pela sensação de estar no controle do veículo. No primeiro caso as ruas estreitar com prédios altos, dá a sensação de cerceamento de locomoção, espaço; no segundo caso há uma projeção de todo anseio e emoções expurgados na direção veicular. Os primeiros seres humanos tinham áreas vastas para percorrerem tendo a sensação de infinito e de certa liberdade. As ruas atuais das grandes metrópoles são cercadas de prédios nas laterais da via criando, inconscientemente, ao ser humano, um estado de “prisão” – em laboratórios se vê nitidamente em ratos que ficam em caixas com vários caminhos estreitos; muitos ficam estressados e até adoentados. Pode-se dizer que as vias metropolitanas produzem um estado de fobia, inconsciente, atuando no ser humano a correr para “fugir” da “prisão” ou o rato a procura de uma saída para a liberdade.

Quanto ao expurgo, isto é, a motivação de correr com o veículo sejam nas vias rurais ou urbanas se deve como dito, expurgo, a catarse emocional. Muitos usam os próprios veículos como forma de aliviar as tensões cotidianas, a se superarem. O avanço de semáforo na cor vermelha é nítida transgressão de lei de trânsito; representa a liberdade frente o cerceamento imposto. As regras sociais fazem bem ao ser humano, mas também podem criar estados angustiantes por represarem a liberdade de locomoção. No tempo e no espaço: os nômades não possuíam sinais dizendo “pare, prossiga”; mas se têm nas pequenas “caixas de ratos”, ou melhor, labirintos metropolitanos.

E quanto às vias rurais onde não há os “labirintos”? A liberdade se aflora assim como o desejo de liberdade. A sensação de liberdade – vento correndo no rosto, sem obstáculos (semáforos) – dá ensejo, somado a capacidade de imprimir velocidade maior, a correr. O controle sobre a máquina fascina; de certo há subjetivamente um “poder” no carro que se assemelha a ancestralidade humana: transferência de desejo de poder para não se sentir sem capacidade de enfrentar a vida. As limitações do ser humano diante das intempéries e dos animais irracionais sempre motivou o homem a buscar meios de superação própria.

O “poder” do carro está no desejo de ter capacidade que o ser humano não tem: agilidade, proteção. Claro que há modernamente o fator STATUS, mas que não deixa de ter analogia com o possuir poder. STATUS é um termo usado para diferenciar estratificações sociais. Quanto mais STATUS uma pessoa possui, mais prestigio social ela terá – depende da correlação de valores de cada cultura, mas o carro é mundialmente visto como poder socioeconômico; essa mentalidade surgiu nos EUA nos meados de 1950 cujos comerciais exaltavam as pessoas que possuísse automotores. Atualmente, as pessoas estão procurando pedalar uma vez que existe a preocupação ecológica e saúde.

O homem versus a mulher

Poder sempre fascinou mais os homens que as mulheres. Na ancestralidade sem as tecnologias atuais, os homens ficavam com os serviços braçais enquanto as mulheres com os serviços mais leves. Os serviços braçais eram a caça, construção de casas, defesa do território. A constituição corporal do homem favoreceu nos primórdios as divisões de tarefas. Pode-se explicar através disso o porquê as mulheres eram proibidas de participarem de guerras e assuntos políticos: mulheres eram vistas como seres delicados emocionalmente e fisicamente.

Com a melhoria tecnológica, principalmente nos meados do inicio do século XX, a mulher passou a se destacar na constituição social. Novos afazeres foram possíveis uma vez que a força muscular não passou a ser mais exigida. Os trabalhos ditos masculinos passaram a ser acessíveis ao público feminino graças, claro, as tecnologias. Por um lado há o desejo ancestral do homem de ter poder para superar-se e superar a vida afora; as mulheres desenvolveram o senso emocional mais apurado do que os homens devido ao convívio nas tribos. A elas foi plasmado, pela condição que possuíam o senso de observação, delicadeza, paciência, tolerância. Também existe a condição de geradora de vida que levou a própria preservação para poder gerar uma vida. O instinto de sobrevivência dual, mãe e feto, criou a condição de tolerância, perspicácia, controle maior sobre as emoções. Já o homem por não gerar vida desenvolveu o agir sob o calor das emoções e as atitudes rápidas (defesa e ataque diante das eras bárbaras).

Diante do exposto acima, talvez se explique as atitudes antagônicas de ambos os sexos: o homem é mais atrevido, em contraparte a mulher é mais cautelosa e responsável.

Não é à toa que os acidentes automobilísticos são maiores entre os homens. Mas como explicar que há um crescente aumento de acidentes envolvendo o sexo feminino se elas têm o fator de preservação da própria vida diante do instinto maternal?

As mulheres passaram a ter mais acessos às várias formas sociais e políticas. Os limites antes impostos pela própria constituição física da mulher, a falta de tecnologia que possibilitassem agir como homens, a ideia por parte dos homens que elas não teriam capacidades de agir como eles, formaram regras de conduta ente homem e mulheres levando, assim, a certas discriminações e teorias cientificas de “sexo feminino é frágil e desprovida de capacidade intelectual”. Contudo a era tecnologia do século XX derrubou as teorias permitindo o ingresso da mulher nos setores ditos exclusivos dos homens.

Das eras de repressões, antes do século XX tecnológico, não se viu a mulher em si, pois as manifestações psíquicas das mulheres eram reprimidas e até proibidas. Com as novas eras (século XX) a mulher passou a ter liberdade de expressão. Da repressão passou a ter conotação de liberdades plenas como direito a aborto, escolha do tipo de trabalho, casar ou não. Criou-se a liberdade plena de forma a não mais questionar sobre condutas próprias. Nisso se vê que houve e há uma tendência de ser um corpo de pensamento, consciente coletivo, mas manipulado eficaz e continuamente pelas modernas propagandas cujos anseios e indução coletiva para vender, mudar ou criar comportamentos. Nunca na história humana as pessoas foram tão persuadidas a agirem em sintonia hipnótica por minorias que lançam tendências e modas.

No século d noticias rápidas e acessíveis, por televisões e internet, se tem uma enxurrada de informações sem qualquer intuito de fazer as pessoas discernirem. A televisão foi o primeiro aparelho tecnológico a induzir as pessoas, e ainda continua. Num futuro não longínquo será a internet por meios de habilidosos mestres das propagandas – não são todos que induzem imprudentemente, há aqueles que fazem comerciais com a ética em primeiro lugar.

O comportamento feminino passou a ser parecido com o do homem: vencer barreiras (impostas pelos séculos machistas e suas regras cerceadoras femininas), encontrar meios de ter poder, agir no calor das emoções (como os homens diante da fragilidade que possuíam quando nômades e agiam em desespero; talvez a conduta de aniquilamento, seja devido a condição ancestral do homem e a maneira de pensar de si: fragilidade; e fragilidade leva ao medo – e medo gera ações sem discernimento).

A mulher passou a dirigir. O dirigir tem conotação de liberdade feminina diante das repressões dos séculos anteriores. O poder dos homens agora está nas mãos feminina. Seria, então, uma condição inconsciente e subjetiva de mostrar aos homens que possui capacidades quando imprime velocidades perigosas a localidade que transita? É um bom estudo para os estudiosos de comportamento humano.

Temos que nos ater, também, que o álcool tem contribuído muitíssimo para os acidentes automobilísticos e de até pedestres. O álcool antera o estado de consciência da pessoa: os valores sociais com suas regras “somem” e a pessoa age ao bel-prazer das emoções e valores que possui independente dos valores e regras sociais. O álcool não cria uma nova personalidade.

O uso de álcool passou a ser um meio de “esquecer-se” dos problemas e “esquecer” dos valores sociais – engano quem pensa que beber álcool fará sumir, esquecer-se deles. Também está associado à conduta de fazer e não saber o porquê fez, constituindo desculpas quanto aos comportamentos contrários às regras e leis de uma sociedade. O álcool como dito antes “retira” as regras sociais descortinando a personalidade da pessoa.

Os jovens do século XXI consomem exagerada e imprudentemente doses e doses de álcool. Com os hormônios em ebulição e os instintos a açoitarem as condutas sociais, os jovens agem pelo momento como assim é na fase em que se encontram. É um perigo que as autoridades conscientes junto com a sociedade organizada, e consciente, devem analisar quanto à permissão de fabricação de álcool. Muitos dirão que é uma maluquice, mas assim também falaram quando se começou a proibir vinculações na mídia sobre cigarros, fumar em recintos fechados e a combater o hábito de tragar tabaco. As convenções humanas mudam de eras em eras, e não será diferente quanto ao álcool uma vez que é uma droga lícita, porém droga.

A mistura álcool e direção mata: no primeiro caso, direção, a plenitude de liberdade (como foi explicado); no segundo, também a liberdade justificada, quando acidente ocorrido, por fatalidade do destino.

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