Uma das grandes aflições das mães, principalmente aquelas que não podem estar com seus filhos a todo momento e deixam sobre responsabilidades de babás e creches, é que eles engasguem na hora da alimentação ou após. Recentemente, um menino de um ano morreu em uma creche de São Paulo por engasgamento. O tenente Vander, do Batalhão de Salvamento e Emergência do Corpo de Bombeiros de Goiás, ensina que casos de engasgamentos é muito comum e pode ser muito perigoso se a vítima não for rapidamente socorrida.
Pela boca entra o ar e a comida, porém cada um segue caminho diferente. Engasgar é sinal de que a comida ou bebida passou pelo caminho errado rumo ao sistema digestivo, assim impedindo o fluxo de oxigênio no corpo. “O oxigênio passa pelas vias respiratórias, qualquer alimento ou objeto pode impedir esse fluxo. Se um corpo estranho vier a obstruir esse canal, a criança ou adulto vai ter algumas complicações que pode levar a óbito”, esclarece o tenente Vander.
Segundo o bombeiro, geralmente crianças e bebês se engasgam com alimentos. Somente após os cinco anos de idade é que elas passam a mastigar mais e engolir melhor a comida. Entretanto, o tenente alerta para o cuidado com brinquedos e outros objetos pequenos. Os idosos também estão no grupo dos que mais sofrem desta manifestação do organismo.
“Alimentos muitos secos como pães, tende a permanecer na boca da criança; assim como pedaços de carnes maiores”, orienta o tenente sobre os maiores perigos da comida. Além destes, é preciso ter mais cuidado com frutas redondas, como uvas inteiras, e frutas com caroços. Alimentos com pedaços grandes também podem se tornar motivos de engasgos.
SINAIS
Para reconhecer os sintomas de engasgamento é preciso observar se a vítima possui restos de comida na boca, se ela coloca a mão no pescoço ou se sua pele apresenta uma cor mais vermelha e arroxeada. Em crianças e bebês há casos mais sérios em que eles não conseguem chorar e nem tossir.
O tenente Vander destaca que, ao perceber sinais de engasgamento, o primeiro passo é ligar para o Corpo de Bombeiros. “De imediato a primeira providência é chamar os bombeiros pelo 193, por dois motivos, para que o socorrista possa por telefone orientar a pessoa que esteja auxiliando a vítima, e para que, no momento, que aquela pessoa esteja fazendo os procedimentos, o bombeiro militar chegue para o local com suporte avançado para atender a ocorrência”, explica.
RISCOS
Crianças menores de um ano de idade correm mais risco de ir a óbito em função do engasgamento, segundo o bombeiro. “Justamente elas possuem maior dificuldade de ingerir alimentos, por questão de fisiologia do organismo. Nós adultos temos uma facilidade bem maior de expelir os alimentos e de ingerir.”
PASSO A PASSO
Enquanto o Corpo de Bombeiros não chega ao local do incidente, criança com mais de um ano ou adultos e que estão conscientes, o primeiro passo é abrir a boca da vítima e verificar se não tem nenhum alimento ou objeto. “Geralmente se encontrar algum alimento é preciso retirar com um dedo ou dois dedos, e naturalmente a vítima votará a respirar”, esclarece o tenente.
Caso não tenha alimento, a segunda fase é dar algumas palmadas nas costas da vítima com a mão em forma de concha. “Agora se nenhuma destas duas fases fez com que a pessoa volte a respirar, o próximo procedimento é a manobra de Heimlich. Com as palmas da mão fechadas e os punhos cerrados, é preciso ficar na lateral da vítima e abraçá-la pelo estômago, assim fazer quatro ou cinco compressões. Após verificar se o alimento está na boca da vítima, em caso contrário, repita todo o procedimento”, ensina o bombeiro. Ele também destaca que, caso depois das três fases, a vítima ainda não tenha voltado a respirar é preciso levá-la urgentemente ao hospital ou então aguardar o suporte do corpo de bombeiro.
“Entretanto, se a vítima estiver inconsciente, a complicação é maior”, destaca o socorrista. O primeiro passo é a analise de alimentos ou objetos na boca e caso não tenha nada encontrado o próximo passo são as compressões torácicas. “Crianças maiores de um ano de idade e adultos são 30 compressões e duas ventilações, de maneira rápida”.
PASSO A PASSO
Se a vítima for um bebê e estiver consciente, o primeiro passo é verificar se existe algum alimento na boca. Caso não encontre, a próxima etapa é segurar a criança de cabeça pra baixo, mantendo o antebraço sobre a barriga dela e usando a mão para sustentar o pescoço – é importante deixar a cabeça do bebê mais baixa que o resto do corpo – desta forma efetuar cinco tapas com a mão em forma de concha. “É preciso tomar o maior cuidado com esse procedimento, porque se trata de uma criança menor de um ano”, ressalta.
Em seguida, Vander orienta para observar se o bebê colocou o alimento para fora ou se está na boca para ser retirado. Caso contrário, o próximo procedimento é colocar a criança em uma superfície rígida. “Não pode entrar em desespero, com ela deitada na superfície é preciso ajoelhar do seu lado e passar a dar início às compressões no peito. Com os dois dedos, abaixo da linha dos mamilos é preciso efetuar cinco pressões no tórax”.
Em caso de bebês inconscientes o primeiro passo é as compressões torácicas imediatamente. São 15 compressões e duas insuflações (fazer a respiração boca a boca sem tampar o nariz da vítima).
CURSO
O tenente Vander informa que o Corpo de Bombeiros oferece cursos de primeiros socorros. São cursos de 45 dias, integrais e gratuitos, em que instituições e empresas podem solicitar. “O correto é que quem presta serviços com crianças tenha conhecimento amplo de primeiros socorros”, afirma. Segundo ele, ao enviar um ofício para o Batalhão é possível que os bombeiros vão até a instituição ministrar o curso.