Publicada no site da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em 11/03/2011
Diferenciando os trilhos
Trem – Os trens metropolitanos transportam passageiros através de diferentes cidades metropolitanas. Normalmente, circula em regiões menos povoadas; em geral seu deslocamento se dá na superfície, mas isto não é regra. Trens maiores têm em média 12 vagões, com cerca de 20 metros cada, totalizando assim 250 metros de extensão. As estações são mais distantes, possibilitando que o veículo alcance a velocidade máxima de 90 km; o intervalo de uma composição para outra pode ser de, aproximadamente, 15 a 90 minutos, dependendo da localidade.
Metrô - O metrô normalmente circula em regiões densas sobre o centro, por modo subterrâneo. Sua circulação é feita somente dentro de uma mesma cidade. As composições são formadas por 6 vagões, tendo no máximo 120 metros de extensão. O tempo de intervalo é, em média, de 90 a 130 segundos. As estações são mais próximas do que as do trem podendo atingir a velocidade de 80 km.
VLT - O veículo leve sobre trilhos (VLT) é uma modalidade de transporte de média capacidade. Possui cerca de três carros por composição, podendo transportar 600 pessoas, em média, por viagem, tendo um intervalo de aproximadamente 15 minutos.
Curiosidade
Segundo uma pesquisa divulgada em fevereiro, pela revista Mundo Estranho da editora Abril, as cidades com mais quilômetros de trilhos por habitantes são: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Brasília e Porto Alegre, tendo as seguintes proporções:
Rio de Janeiro - População: 12 milhões
Trem- 225 km
Metrô- 40 km
São Paulo – População: 20 milhões
Trem: 260,8 km
Metrô: 66 km
Recife - População: 4 milhões
Trem- 31,5 km
Metrô- 39,5 km
Brasília - População: 2 milhões
Trem- não possui
Metrô- 42,4 Km
Porto Alegre - População: 4 milhões
Trem- Não possui
Metrô- 33,8 Km
Trânsito Escola – Sem dúvidas, o transporte público sobre trilhos é muito melhor, pois há menos automotores nas vias públicas proporcionando qualidade de vida aos usuários de vias terrestres quanto a diminuição da poluição atmosférica e estresse. Na vigência da Lei Seca, o transporte público eficiente serve para diminuir os acidentes de trânsito ocasionados por consumo de álcool e direção.
No caso do VLT e trem comum, o último é mais viável, pois consegue transportar volume de passageiros bem maior. O que é estranho é o fato de se ter no Brasil o Trem Bala. Pode ser atraente, mas para a maioria do povo brasileiro não seria viável se analisarmos o preço da passagem, que deve ser bem mais cara do que o tradicional trem. Então, a quem serviria o Trem Bala, senão a minorias e não ao trabalhador que mora em regiões longínquas da metrópole.
Outro fator que não se pode esquecer na análise é o fato de que os trem atuais não oferecem adequados serviços por questões de ineficiências administrativas das atuais concessionárias. Se o trens atuais são mais baratos quanto à manutenção, e nem por isso são eficientes, como será a Trem Bala? Não podemos esquecer que os investimentos ao Trem Bala são muitíssimos maiores em relação aos trens convencionais, e como dito antes, a quem servirá, ou será possível, viajar no Trem Bala?
Os preços das passagens de trens no Brasil são altíssimas se compararmos o poder aquisitivo do trabalhador brasileiro, e não é à toa as constantes manifestações quando há aumento de preço da passagem. O que dirá no Trem Bala? Será útil, conveniente ao povo brasileiro, ou apenas serviria para a elite brasileira e turistas estrangeiros?
O correto seria melhorar os trens atuais, de forma que sejam eficientes, seguros, pois são essenciais à mobilidade urbana quanto se analisa desenvolvimento econômico. O tempo gasto no deslocamento de trajetos causa prejuízo: primeiro, o cansaço físico do trabalhador, que renderá bem menos em suas funções; segundo, as empresas terão que se adequar a uma realidade cruel, da precariedade dos transportes públicos, no quesito tolerância de atraso ao emprego. Se a empresa for aplicar regras rígidas e, assim, mandar embora o atrasado contumaz – não por culpa deste, mas pela culpa do transporte público – logo ficará com escassez de mão de obra.
Enfim, pela ineficiência dos gestores públicos, a economia brasileira emperra. E por falta de sensatez, como comprar Trem Bala, sem se preocuparem com o básico, o trem comum, o Brasil perde bilhões de reais por ano onerando os trabalhadores e empresários através de criações e aumentos de tributos – talvez, por isso, não há reforma total dos tributos no Brasil. Mas se vermos friamente as posturas dos gestores públicos no Brasil veremos, nitidamente, que não há preocupações a eles próprios, já que se deslocam por helicópteros, por carros importados – os nacionais são péssimos na segurança e na ergonomia –, ou ficam residem próximos de seus gabinetes etc. Sim, o povo agoniza no deserto, pois seus apelos não são ouvidos.
Atualmente tudo gira em torno da Copa e Olimpíadas, a modernidade sempre é bem-vinda, mas não se pode esquecer que a modernidade deve, primeiramente, servi ao povo, e não a eventos passageiros, pois é o povo brasileiro que suportará os problemas de mobilidade urbana 24 horas por dia, trezentos e sessenta e cincos dias por ano.
Não se pode mais pensar em megaeventos com mentalidade de trazer dividendos, de forma que tais dividendos não melhoram a qualidade de vida dos usuários de vias terrestres. A modernidade sempre deve alcançar os anseios do povo, que é a qualidade de vida e sua dignidade humana, e não mero demonstrativo de que o Brasil está se modernizando. Exemplo: digamos que um posto de saúde foi reformado. Há novos equipamentos hospitalares de última geração, mas o atendimento é precário por falta de funcionários, ou por que estes são desleixados com suas funções. De nada adiantou a reforma do hospital. Gastos foram feitos sem atender as necessidades dos pacientes e moradores locais. Outro exemplo: digamos que hospital foi construído com toda a tecnologia de ponta que se vê em hospital moderno. A localidade do novo hospital é próxima de evento mundial, como Copa do Mundo e Olimpíadas, mas distante de comunidades e de região que necessita de hospital eficiente. O evento mundial passou, e o que fica ao povo brasileiro, se o transporte público é de péssima qualidade e, mesmo que fosse eficaz, ainda assim demanda tempo de deslocamento para se chegar ao hospital?
Apenas a ideia que se gastou muito dinheiro dos cofres públicos sem atender as necessidades reais da população brasileira. Assim, se vê, claramente, uma administração sem ater aos princípios do Direito Administrativo e aos preceitos da CF/1988.
Em outro momento oportuno Trânsito Escola abordará conceitos de eficiência e eficácia da Administração Pública.