Eles fizeram a vítima sair do estado e vir à capital federal para fechar o negócio.
Uma quadrilha de estelionatários foi presa em flagrante na manhã desta quarta-feira (3) em uma agência da Caixa Econômica Federal no Riacho Fundo, região administrativa do DF. O grupo é acusado, entre outras coisas, de dar um cheque fraudado e sem fundos no valor de R$ 47 mil a um morador do Maranhão pela compra de uma caminhonete.
Eles viram o anúncio na internet e fizeram contato com a vítima. Durante a conversa, pediram para ele trazer o veículo ao Distrito Federal porque fechariam o negócio. Um dos envolvidos chegou a pedir para ele aproveitar e trazer cinco quilos de camarão porque a mãe dele gostava.
Interessado na venda, o dono do carro saiu do Maranhão e veio em um carro de passeio com o camarão solicitado para fechar a venda. Para trazer a caminhonete, o homem contratou os serviços de um caminhão-cegonha.
A delegada responsável pelo caso, Cláudia Alcântra, disse que a quadrilha é extremamente audaciosa e formada por pessoas "folgadas".
— Assim que chegou no DF, o homem passou o dia com os supostos compradores. Eles rodaram durante quase todo o dia pela cidade e foram a um banco fazer o depósito de um cheque, que era fraudado e não tinha fundos. No entanto, a lábia dos estelionatários era tão grande que a vítima foi convencida a ir ao cartório para assinar uma procuração.
Depois de "fechar o negócio", o homem pegou um avião e voltou para casa. No entanto, no meio do caminho ficou preocupado e começou a achar que tinha caído em um golpe. No dia seguinte, a suspeita dele foi confirmada, porque não havia dinheiro na conta e ele descobriu que o cheque depositado era fraudado.
Neste momento, ele registrou a denúncia e a polícia começou as investigações, que duraram aproximadamente dois meses e meio. O grupo, formado por cinco pessoas, era especializada em aplicar golpes a pessoas de boa fé que vendiam carros.
Eles escolhiam vítimas no DF e em vários outros estados do Brasil como manobra. Com a ação da polícia, duas pessoas foram presas em flagrante na manhã desta quarta no momento em que tentavam sacar R$ 30 mil provenientes das fraudes. Outro suspeito foi preso há duas semanas por outros crimes.
O caso do Maranhão foi apenas um, mas a delegada disse que somente no DF são sete ocorrências, todas envolvendo as mesmas pessoas e cometidas da mesma maneira.
— Os acusados são os mesmos. Eles dão cheques fraudados, pegam a procuração e com esse documento em mãos ficam à vontade para revender os veículos às concessionárias do DF, que repassarão os veículos para outras pessoas.
Um dos detidos é Vanderlan Macedo Santos, de 40 anos. Ele tem quatro passagens por estelionato. O outro detido é velho conhecido da polícia e acumula 24 passagens, todas por estelionato e receptação.
O nome dele é Alexandro Sousa dos Santos, de 35 anos. Para enganar as vítimas, ele dizia que era procurador da república no DF, pastor e advogado. Com o poder de persuasão, ele conseguia conduzir e enganar as vítimas ao ponto de fazê-las assinarem as procurações.
Cláudia informou que Santos também é acusado de aplicar golpes dentro do próprio presídio da Papuda, em São Sebastião, região administrativa do DF.
— Ele se dizia pastor. Chegou a fundar uma instituição com o nome "Mão Amiga", que tem site na internet e tudo. Ele pegava dinheiro com os presos dentro da Papuda e fugia.
O rapaz que se identificava como procurador das vítimas também foi preso durante a ação policial. Denilson Cristiano de Sousa Oliveira tem apenas 20 anos mas acumula quatro passagens pela polícia por estelionato e outros crimes.
Os outros dois envolvidos continuam foragidos, mas devem ser presos nas próximas horas. Todos responderão por estelionato e poderão pegar, caso condenados, até dez anos de prisão.